O arco-íris no final de tarde


Existem várias lendas sobre o arco-íris, histórias e as explicações racionais para o fenômeno. O fato é que numa bela tarde, ele estava ali, no céu, sobre o mar. O mesmo mar que espelha a grandeza do céu e que traz consigo os perigos e os abismos, como escrevera Fernando Pessoa.

Naquela tarde, caminhamos pela areia da praia e depois nos recolhemos para descansar  em nosso quarto, pois a chuva vinha mansa no horizonte. Ao acordar, vimos um arco-íris. Rapidamente  fotografei-o com o intuito de possuir aquela cena, assim como quis possuir tantas outras. Mas as fotografias são reveladoras de um instante que se perde no tempo. Apenas nos fazem relembrar, caso tenhamos o que lembrar. A verdadeira memória está em nós. Uma foto por si mesma pode não fazer sentido algum.

Debrucei-me na varanda e procurei o melhor ângulo e enquadramento. Cliquei algumas vezes até ele desaparecer assim como surgiu.

Mais tarde, ao rever as imagens, lembrei-me de uma cena simples, talvez a minha primeira visão do arco-íris. Estávamos em um carro, meu pai dirigia e minha mãe sentada a seu lado de repente o apontou no horizonte. Eu, ainda criança, ouvi a mesma história que muitos provavelmente  já ouviram. Diz uma lenda, que ao final do arco-íris,  sempre há um pote de ouro.

Hoje posso afirmar que para mim, realmente há um pote de ouro. Um monte de recordações gostosas de uma infância bem vivida. Os versos românticos de Casimiro de Abreu: “ai que saudade que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais (…)” que meu pai recitava com voz empostada, hoje fazem mais sentido para mim.

O que poderia ser simplesmente mais um arco-íris na paisagem de um final de tarde, foi um convite a um pote de recordações. Que gostoso é recordar. Este é um verdadeiro tesouro.

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Uma resposta para O arco-íris no final de tarde

  1. adrianadantas disse:

    Poxa!!! Que “gostoso” ter a oportunidade de ler mais um texto seu, estava com saudades. E sim, compartilho do mesmo pensamento, “recordar é o verdadeiro tesouro”, principalmente quando se tem belos momentos para “re-viver”.

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